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Publicado em 25/11/2013 por Isabel Pereira

O Laboratório de Biomecânica do Porto transformou um bloco de partida de natação numa central dinamométrica. A recolha de informação sobre as forças aplicadas pelo nadador permitirá aumentar o conhecimento científico sobre a modalidade e melhorar a técnica!

O sistema desenvolvido pelo LABIOMEP é constituído por sete plataformas de força. “Duas plataformas colocadas na parte da frente do bloco; uma plataforma na back plate [ver glossário]; duas laterais, ligadas a um complexo sistema de apoios de mãos; e duas plataformas dentro de água, na parede da piscina”, explica João Paulo Vilas-Boas, coordenador do Laboratório.

O grupo poderá estudar “diferentes técnicas de partida e viragem com poder discriminativo entre membros esquerdos e direitos, partidas em movimento e a adequação do método atual de deteção de falsas rendições em estafetas”. O objetivo é, claro, obter os melhores resultados, e um milésimo de segundo a menos pode dar uma vantagem decisiva na competição entre nadadores.

A escolha da técnica por parte de um treinador baseia-se, normalmente, nas tendências mais praticadas na modalidade ou na verificação de que o nadador é mais rápido com esta solução. No entanto “a melhoria no cronómetro nem sempre corresponde à prática da melhor técnica”, refere o investigador do LABIOMEP, advertindo que pode haver influência de fatores externos. A central dinamométrica [ver glossário] criada é uma resposta mais rigorosa no aconselhamento dos nadadores pois “permite conhecer a causa das coisas, e estudar as técnicas de cada nadador individualmente”.

“Conhecer a causa das coisas”

Nas partidas ventrais há fundamentalmente duas técnicas: uma em que o nadador parte com os dois pés à frente no bloco de partida, e uma outra em que coloca um pé atrás como se fosse para uma partida de atletismo. Desde sempre existiu muita controvérsia no meio técnico e no meio científico sobre qual seria melhor e nunca aparecerem resultados conclusivos na literatura. A central dinamométrica desenvolvida permitirá agora chegar a estes resultados, através da medição da força exercida em diferentes pontos, numa e noutra técnica. [ver vídeo em recursos]

Outros tipos de partida podem também ser estudados com recurso a este dispositivo. No caso das partidas dorsais, medindo-se o esforço das mãos no bloco e dos pés na parede; no caso das partidas em movimento, através das medições resultantes dos vários pontos onde o bloco está instrumentado [ver vídeo em recursos].

Já em relação às rendições nas estafetas (quando o nadador que chega toca na parede, para que o seu colega possa partir), este equipamento será também um importante contributo. Hoje em dia, os dispositivos de cronometragem têm um sistema eletrónico de deteção de falsas rendições (partida do segundo atleta sem que o primeiro toque na parede) pouco discriminante. Uma vez que esta central tem também sensores colocados na parede da piscina, permitirá, com um grande rigor, perceber se os limites da eletrónica usada são razoáveis.

Força = Massa X Aceleração: a fórmula do sucesso

Mas afinal o que permite que estas plataformas de forças tenham um papel tão importante no conhecimento da técnica? A resposta está na segunda lei de Newton… Se a força é igual à massa vezes a aceleração, ao medirmos a força exercida pelo atleta (sabendo também a sua massa) vamos determinar a aceleração e prever assim se ele vai chegar mais longe, mais rápido, etc.

Cada plataforma contém conjuntos de sensores extensométricos [ver glossário] nos três eixos coordenados em diferentes posições estratégicas da plataforma, para poder medir não só a intensidade, como o local exato onde a força é aplicada. Cada uma produz assim seis sinais em cada momento: a componente vertical, a componente horizontal para a frente e para trás, quanto esforço de rotação para a direita/esquerda, quanto esforço de rotação para dentro e para fora, e quanto esforço de rotação para a frente e para trás, em torno dos mesmos três eixos. Consegue-se assim a caracterização mais completa das forças aplicadas.

Ainda no final dos anos 90, o grupo de investigação que viria a dar origem ao Laboratório de Biomecânica do Porto começou a estudar as forças que os nadadores exercem para comparar diferentes técnicas de partida. No entanto, as recolhas eram feitas apenas com uma plataforma de forças e, por isso, os dados recolhidos eram insuficientes. Entretanto grupos como o Australian Institute of Sports e a Federação Inglesa de Natação também usaram plataformas de forças, no caso uma à frente e outra atrás, para medir o efeito do pé de trás na back plate. Ainda assim, o sistema agora desenvolvido é o mais completo de que há memória.

 Glossário:

Back plate - Placa oblíqua móvel, colocada na parte de trás do bloco de partida de natação que permite aos nadadores apoiarem o pé.

Dinamometria - Avaliação de forças.

Extensómetro - Circuito elétrico cuja impedância se altera em função das tensões a que esteja sujeito. A micro-deformação a que a estrutura é sujeita altera a sua resistência à propagação da corrente elétrica

Foto: LABIOMEP

 

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